O início da preparação para concursos costuma ser marcado por uma vontade intensa. No calor da empolgação, o concurseiro se vê como um super-homem/mulher-maravilha e estabelece metas impossíveis de serem realizadas. "Vou estudar 10 horas líquidas por dia!" Em pouquíssimos dias a empolgação passa e as metas impossíveis passam a ser um fardo para o concuseiro que, de repente, se sente incapaz. Raramente, o concurseiro reconhece que o problema é a meta impossível. Ele tende a acreditar que o problema é ele e isso deteriora toda a sua percepção de autoeficácia (crença intrínseca de que consegue realizar uma atividade). Em poucas semanas, o concurseiro desiste. Hoje, o que mais vejo é que o mito do super-homem/mulher maravilha mina a confiança dos concurseiros e, por consequência, pouquíssimos conseguem empreender o esforço contínuo necessário para a aprovação. Haveria uma solução? Eu realmente acredito que SIM!! Acredito que quebrar esse mito depende de duas ações. A primeira ação consiste em definir metas assertivas e progressivas. No começo da preparação, o mais importante é criar o hábito do estudo diário. Você não precisa estudar por muitas horas, mas precisa estudar todos os dias. Com o passar das semanas, você vai aumentando gradativamente a carga de estudos até atingir um volume adequado a suas circunstâncias. No meu caso, esse volume era de 30 horas por semana. Essa carga de estudos mediana (tem gente que diz estudar mais de 50 horas) foi suficiente para ser nomeado em vários cargos (analista judiciário, auditor fiscal, auditor governamental, auditor do Estado etc). Enfim, o segredo está na consistência e não na intensidade do estudo. A segunda ação acredito ser mais difícil, pois depende de uma ação mais abstrata: você precisa reconhecer que não é uma máquina. É normal oscilar de desempenho ao longo do tempo e você precisa saber lidar com os vales e também com os picos de motivação. Quando digo que estudava 30 horas por semana não estou dizendo que estudei 30 horas em todas as semanas da minha vida. Não!! O mundo continua girando quando estamos estudando. Assim como ocorre na vida de qualquer pessoa, tive treta no trabalho, na família, com o mozão, fiquei doente, meu cachorro morreu, perdi familiares...enfim, tive momentos difíceis e que não bati as metas de estudo. Nesses períodos, não fiquei me culpando por não conseguir bater as metas. Resolvi o que podia ser resolvido, chorei o quanto precisa chorar e depois voltei aos meus objetivos. Talvez encontrar um equilíbrio entre não se cobrar mais do que consegue fazer ao mesmo tempo que trabalha para aumentar suas capacidades seja a melhor forma de vencer o mito do super-homem/mulher-maravilha.
Mito do super-homem/mulher-maravilha
Atualizado: 25 de jan. de 2021
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